Selo GP - Rodrigo Roreli Laço
Fundação: Francisco Gabriel
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ANO 40
Nº 2010
11/03/2024


Colunista
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GENTE PENSANTE 


- 22/01/2021

VEJA NA EDIÇÃO 1850: NAS BANCAS DE 22/01 A 28/01. DEPOIS, SÓ NA GAZETA. Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1849 abaixo:

QUANDO UMA FALA É MUITO VERDADEIRA. ELA, ALÉM DE DOER MUITO, É INDISCUTÍVEL

A tia solteira, que sempre carrega guloseimas variadas em sua bolsa, para conquistar o amor dos sobrinhos pequeninos, chegou na casa do interior, onde morava uma de suas irmãs casadas. Ela gostava de hospedar-se ali, porque, além de ter mais crianças – 3 - era a casa que havia sido de seus pais, além de ser o local onde ela havia sido criada. Portanto, carregada de lembranças de uma época saudosa. Quando ela entrou na sala de visitas, o cachorrinho da casa - um lindo pequenez branquinho - correu todo alegre, pra lá e pra cá. Até parecia que ela dava, às escondidas, guloseimas pra ele também. Todo serelepe, abanando o rabo peludo sem parar, ele entrava por uma porta e saia por outra. Daí a pouco, repetia esse mesmo itinerário, sem nunca mais parar. A tia solteira adorava ver a festa que ele fazia pra ela, porque sentia-se amada, diferentemente do que sentia no apartamento, onde ela vivia, na barulhenta e solitária capital. Os meninos, então, nem se fala. Com focado interesse, gritavam e pulavam nela, dizendo:

- Tia Bala! Tia Bala! - como se o nome dela fosse realmente esse. Não diziam Tia, tem balas? Não, iam diretamente no Tia Bala, tamanha era a ansiedade para devorarem aquelas delícias açucaradas, quase sempre proibidas pelos pais, ambos dentistas. Claro que eles criaram naquele lar o Dia das Porcarias, mas só aos sábados, entre o almoço e o lanche noturno. Mas havia um trato entre eles: tinham de escovar os dentes, longamente, 15 minutos após a ingestão de todos aquelas açucaradas delícias. Após a tia distribuir variadas guloseimas para o delírio maior da garotada, a caçulinha, sentada confortavelmente no macio colo da gorducha titia, ficou olhando pra ela, enquanto mascava aquelas doçuras todas. A tia preocupada com a baba de açúcar que escorria pelos 2 cantos da carnuda boca da linda sobrinha, passava, levemente, o seu limpo lenço, nos cantos da boca da menininha. Sempre rindo, vivia ali momentos delirantes, esquecendo-se da tristeza que sentia por não ter sido mãe... De repente, aquela garotinha falante, após ter ficado um tempão observando o rosto da a tia, perguntou pra ela:

- Tia, você é gordona assim, porque come muito doce?

A tia levantou-se e colocou a sobrinha, rapidamente no chão, falando para a irmã, em tom enérgico:

- Pelo jeito, você não tem dado uma boa educação à essa menina!

A irmã não deixou por menos:

- Crianças são assim mesmo! São verdadeiras demais! Não há máscaras na vida delas...

E você, também já viveu momentos embaraçantes, por meio de alguma verdadeira fala infantil? Uma boa leitura!


O editor GP escreve mais uma crônica: Segurando a onda, para a saia não ficar justa demais


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