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Nº 2010
11/03/2024


Eventos GP
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245ª MOSTRA GP ARTESANATO EM GESSO - 12/12/2016

Para montar mais uma Mostra GP que sempre é exposta, de dois em dois meses, na recepção desta GAZETA, a reportagem GP convidou, desta vez, o professor de literatura e artesão Carlos Aloysio Almeida Campos. Acompanhe o que ele disse.

“Eu comecei a fazer artesanato como um hobby, para descansar do tempo em que eu estava lendo e estudando. Primeiramente, faço moldes em gesso e dele, as peças que eu levo para secar e, depois, pintar. A princípio, eu não tinha intenção de vender, mas eu cheguei a um número de peças legal e comecei a publicar nas redes sociais. Aí, apareceu gente querendo comprar e eu comecei a vender. Faço várias coisas: corujas, crânios, deusas, bichos, cavalos e estou começando a trabalhar com girafas, que é muito difícil, por causa do pescoço grande. Gosto muito de fazer crânios, porque ele simboliza a igualdade. Independentemente de posição social, crença e raça, todo mundo é um crânio. Eu não sou profissional e, pelo fato de eu não ser, isso me possibilita trabalhar aleatoriamente com as cores, sem nenhum compromisso. Então, eu trabalho com cores destoantes; não sei se amarelo combina com vermelho; não sei o vermelho combina com azul... vou fazendo e pode até chegar numa peça absurda, mas eu não mudo. Deixo assim e pronto, acabou”, explica o professor Carlão, como é mais conhecido esse artesão.

COMO É A PRODUÇÃO? - “Eu compro o gesso cru, branco, puro, coloco ele – já em processo de cura - num molde de silicone, que tem o formato que eu preciso. Depois que ele é totalmente curado, eu tiro a base do molde de silicone e vou com peças ortodônticas (peças que dentistas usam) para acabar de colocar os detalhes. Nesse ponto você não pode errar, porque gesso não dá liga para colar outro pedaço. Você tem que ter muita calma. Demora muito e o interessante disso tudo é que gera uma certa exclusividade em cada peça, porque nada sai igual à outra coisa que eu já fiz. Eu posso fazer dez crânios ou dez samurais que tudo vai sair diferente, porque eu vou esquecer a tinta que eu usei. E seu eu ver que a tinta ficou igual, eu jogo uma outra por cima para dar um contraste”.

CUSTO CARO? - “Por eu ser professor de literatura, não tem muito a ver o lance do artesanato com o que eu fazia, mas eu fiquei surpreso por estar tendo uma grande aceitação. Nos encontros e exposições que eu já participei, acabei vendendo tudo que eu tinha. Mas, infelizmente, vejo que as pessoas não pagam pelo valor da peça, porque uma peça em gesso é uma peça que não é simplesmente trabalhada no molde, porque, assim que ela sai do molde, você tem que trabalhar com os retoques. E uma peça bem feita, bem elaborada, bem finalizada, demora até um mês para ficar pronta. Quando você vai à uma loja especializada, você vai encontrar uma com o preço que a loja vende, já embutido o lucro dela. Mas eu vendo por um valor simbólico do meu trabalho. As pessoas acolheram bem o meu trabalho, mas a grande maioria delas não acredita que a gente pode sair um pouco do nosso foco de trabalho (educação) e trabalhar com artes, por exemplo. Mas é possível sim e é altamente desestressante, porque a arte acaba adestrando você a ter paciência, a se concentrar, a se preparar, a se dispor a fazê-la”.

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