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Eventos GP
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223ª Mostra GP: pintura - 25/01/2013

Já estão expostos na sede da GAZETA os 3 novos quadros que compõem a 223ª mostra GP estreando o artista Rogelo Antônio da Silva, 43, motoboy, que contou para a reportagem GP de onde vieram suas inspirações. Fique por dentro. “Desde a infância, sempre desenhei junto com meus colegas de classe. Em 2000, assistindo a um documentário sobre a arte da Renascença, quando foram mostradas obras de Leonardo da Vinci, Michelangelo e vários outros artistas, pensei, então, que poderia, além de desenhar, pintar quadros. Aí, comprei uma tela, um pincel e pensei: a pintura desses artistas é como escrever um livro na tela. Como na época a imprensa e o povo falavam muito de clonagem, decidi fazer um quadro sobre o tema”, conta Rogelo. A MORTE – “Depois, veio outra obra, uma dessas 3 que estão exposta na GAZETA, que é o quadro da Morte. Um leigo olha para ele e vê simplesmente a figura da morte, mas não é somente isso. Existe toda uma explicação, porque quase todo o tipo de morte está ligado com um cruzamento no trânsito. Por exemplo, muitas mortes acontecem em esquinas, quando alguém atravessa a rua e o carro cruza o seu caminho. Do mesmo jeito, se você morrer essa semana, você cruzou o caminho de alguém. Se você observar bem, por onde a moça da tela está passando, o chão está cedendo, o que quer dizer que não há volta. O quadro está simbolizando um universo paralelo que se funde com o presente que é muito fino e praticamente não existe. O que existe é só o passado e o futuro. Quem vê a iluminação, acha que eu pintei a sombra errada, uma para lá e outra para cá, mas o que ela representa ali são os 2 universos paralelos. Acho que a inspiração veio porque sou muito ligado ao espiritismo, à reencarnação”. OS RETIRANTES – “A outra tela exposta chama-se Retirantes. Como eu vivi na zona rural por 7 anos e vi muita coisa, pintei esse quadro. Parece com uma cena que vivenciei na minha infância. Não tenho muito o que explicar dela, porque até hoje, no meu cotidiano, vejo cenas assim acontecerem muitas vezes. Trabalho com entregas e, muitas vezes, quando passo em estradas de terra, na roça vejo pessoas até hoje fazendo esse tipo de transporte de lenha na cabeça”. O DEBULHADOR DE MILHO “O 3º quadro também representa uma imagem da minha infância. É um senhor debulhando milho de um jeito muito antigo que talvez muitas pessoas nem conheçam. Coloca-se uma pedra na mão e vai passando-a na espiga até que o milho fosse todo debulhado. Eu ficava brincando em volta das pessoas que debulhavam o milho dessa forma. O carrinho na minha mão é de madeira com rodas de carretel de linha, feito por nós mesmos. Na época, não existia brinquedo comprado, era tudo feito por nós”. DE ONDE VEM? – “Meu pai era músico e artesão, fazendo trabalhos principalmente com palha e carnaúba. Acredito que a minha vocação, o meu dom para arte partiu daí. Em minha casa, meu irmão faz trabalhos com fotografias, filmagens e é também um excelente músico, por influência do meu pai. Então, essas coisas vêm no sangue. Mas é lógico também que uma pessoa que não tem dom, se insistir, trabalhar e fazer cursos, também poderá ser um artista de qualidade. Não vendo meus quadros, porque não tenho tanto tempo para pintar e também porque a arte hoje não dá dinheiro. Mas pretendo fazer muitos quadros ainda. Pode ser que venha a vendê-los... Pretendo também fazer esculturas”. ESCOLA DE ARTES - “Depois que pintei esses quadros, fiz, de 15 a 20 dias de aulas, com a Dagmar, na Escola de Artes, mas como era à noite, a cor da tinta não sai a mesma. Você pensa que é um tom, mas é outro. Eu pintava um coisa à noite e, durante o dia, via outra. Aí, resolvi não dar prosseguimento, uma vez que eu tenho de trabalhar durante o dia”.

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