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Memorias amargas de uma convivência infeliz com a madastra - 22/07/2001

Depois de perder a mãe prematuramente, um menino passa a conviver com a lembrança que ela deixou pela casa. Lembra do jeito generoso que ela cortava tomates e do carinho que tinha por ele. Com a saudade enterrada na alma, observa os irmãos lidarem com essa falta: um deles come vidros; uma borda sem parar. O menino em questão é o escritor patafufo Bartolomeu Campos de Queirós (foto), 66, 40 obras registradas e relevantes prêmios, que revisita a própria infância em seu novo livro, lançado pela editora Cosac Naify. Além da angústia que ele sente pela morte da mãe, Vermelho Amargo fala da convivência infeliz com a madrasta e do sucessivo afastamento dos irmãos da casa paterna. O livro prende a atenção, porque ali tem de tudo: mãe amorosa, madrasta má, pai ausente, irmãos perdidos, assédio sexual e a descoberta do amor e da morte. Apesar dele não citar em nenhum momento em qual cidade se passa essa história, é bem provável que tenha sido em Pará de Minas, onde ele nasceu e viveu parte de sua infância, mudando-se depois para Papagaio/MG, cidade que ele escolheu para dizer que é sua terra natal, negando, assim, as lembranças amargas vividas em Pará de Minas. O ENTEADO – Por telefone, a reportagem GP tentou, por diversas vezes, entrar em contato com Bartolomeu Campos de Queirós, em Belo Horizonte, onde ele hoje reside. Não obteve sucesso em nenhum deles, uma vez que ele está viajando muito para divulgar o seu novo trabalho. A MADASTRA – Como a 2ª esposa do pai de Bartolomeu, Conceição Oliveira Queiroz , reside em Pará de Minas, a reportagem GP, por telefone, entrou em contato com ela para saber se já era de seu conhecimento a publicação de tal livro e como ela havia recebido o desabafo do enteado escritor. Primeiramente, ela disse que Bartolomeu saiu muito novo de Pará de Minas e que ela, na verdade, nem teve muita convivência com ele. Conceição disse também que ficou sabendo do novo livro, mas acredita que a cidade descrita por ele não é Pará de Minas. Diante disso, acha que ela não tem nada a ver com a tal madrasta relatada por ele em seu novo livro. PURO PALAVRÓRIO? As notícias sobre o novo livro do escritor patafufo são as mais diversas em inúmeros jornais do país. A Folha de São Paulo, porém, não o viu com bons olhos, taxando-o de regular. Um trecho de sua matéria diz o seguinte: “Com pouco mais de 60 páginas, Vermelho Amargo é uma novela modesta do ponto de vista da narrativa e dos temas, mas cuja escrita está investida de forte ambição. O autor não quer fazer simples prosa. Deseja realizar uma prosa poética que apreenda movimentos da imaginação e sutis modulações psicológicas dos personagens. Há várias pequenas e excepcionais invenções no livro. Elas acabam, porém, se perdendo no conjunto dominado por uma dicção fastidiosamente elevada e preciosista que abusa de metáforas e outras figuras de linguagem, de adjetivos, neologismos, efeitos líricos, máximas e divagações filosóficas. Algumas vezes, a escrita resulta em puro palavrório. (...) Vermelho Amargo cede em demasia ao torneio declamatório,

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