Selo GP - Rodrigo Roreli Laço
Fundação: Francisco Gabriel
Bié Barbosa
Alcance, credibilidade e
imparcialidade, desde 84
ANO 40
Nº 2010
11/03/2024


Colunista
Colunista

GENTE PENSANTE 


- 13/05/2021

VEJA NA EDIÇÃO 1866: NAS BANCAS DE 14/05 A 20/05. DEPOIS, SÓ NA GAZETA. Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1865 abaixo: 

AS 1ªs DERROTAS DA VIDA PARECEM O FIM DO MUNDO

Naquela tarde, a bela e confortável casa, parecida com tantas outras que seguem tendências arquitetônicas e não o perfil dos donos - como deveriam - estava triste, como um pós-funeral de vítima da covid-19. À notinha, quando o marido entrou nessa que era a sua casa, sentiu que faltava algo ali, como o ar que, apesar de invisível e imperceptível, ao faltar, gera imediato pânico. Avisou que havia chegado, ao falar alto o nome da esposa, como sempre fazia, imitando o conhecido personagem americano do desenho animado: Querida, cheguei! Ninguém apareceu, nem a esposa, nem os 2 filhos adolescentes. No lavabo social, ele higienizou bem as mãos com sabonete e álcool, não sem antes lavar com água morna o rosto e o pescoço. Enxugou-os e continuou andando, rumo ao amplo quarto do casal. De relance, percebeu que a mulher tinha enxugado uma ou duas lágrimas. Falou, medindo as palavras:

- O que foi?

- É o nosso filho... está arrasado... não conseguiu pontos suficientes no Enem... não conseguiu vaga nas universidades federais. Coitado! Virou noites estudando. Tente consolá-lo, mas vá com calma, porque ele não quis conversar comigo... mandou eu sair do quarto.

O marido suspirou, mas nada disse. A mulher cobrou, como toda esposa exercendo o eterno papel de mãe:

- Não vai falar nada, não?

Ele respondeu:

- Vou falar, na hora do lanche.

Quando mãe, pai e filha já estavam na moderna e iluminada cozinha, aquele homem teve de exercer o, sempre chato, papel de pai. Foi ao quarto do filho, abriu a porta e ordenou:

- Fulano, desça, imediatamente, para o lanche. Só falta você!

Puxou a porta e retornou à cozinha. O filho chegou em seguida, com cara de choro e cabelo em desalinho. O pai perguntou:

- O que aconteceu?

O menino abaixou a cabeça e balbuciou, chorando alto:

- Levei pau... Não consegui...

O pai, com os olhos lacrimejados, pediu para que o filho levantasse a cabeça e olhasse para ele. Ele obedeceu e o pai disse-lhe:

- O mais importante não são as metas e conquistas alcançadas à cada linha de chegada da vida. Importante mesmo é aquilo que você se torna, durante cada tentativa de conquistar algo... Um dia você entenderá o que eu acabei de lhe dizer. Agora, vamos agradecer a Deus este alimento, porque amanhã a vida continuará, normalmente...

E você, o que acha, realmente, mais importante nesta vida? Uma boa leitura!


O editor GP escreve mais uma crônica: Quer viajar e conhecer um lugar inesquecível?


Mais da Gazeta

Colunistas