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ANO 40
Nº 2010
11/03/2024


Colunista
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GENTE PENSANTE 


- 06/05/2021

VEJA NA EDIÇÃO 1865: NAS BANCAS DE 07/05 A 13/05. DEPOIS, SÓ NA GAZETA. Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1864 abaixo: 

A PANDEMIA E A REALIDADE DA DESIGUALDADE

Trancada em casa, com sua família e 2 cachorros, a escritora chilena Isabel Allende vive nos Estados Unidos, há 30 anos. Perguntada sobre o principal medo que implica esse vírus, que é o da morte, a escritora contou que, desde que Paula, filha dela, morreu, há 27 anos, ela perdeu o medo de tudo, para sempre. Não deixe de ler tudo que Allende disse. Li, gostei e agora o repasso - com pequenas alterações - na esperança que você goste também.

- “Eu a vi morrer em meus braços e percebi que a morte é como o nascimento, é uma transição, um limiar e perdi o medo no pessoal. Sei que se esse vírus me pegar, tenho mais chance de morrer do que a média da população, já que faço parte do grupo mais vulnerável - tenho 77 anos. Então, a possibilidade de morrer se apresenta muito clara para mim, neste momento. Eu a vejo com curiosidade, mas sem nenhum medo. O que a pandemia me ensinou é soltar as coisas e perceber o pouco que eu preciso. Não preciso comprar, não preciso de mais roupas, não preciso ir a lugar nenhum, nem viajar eu preciso. Acho que já tenho demais! Eu vejo à minha volta e me pergunto: Pra que tudo isso? Para que eu preciso de mais que 2 pratos? Percebo quem são os verdadeiros amigos e as pessoas com quem eu quero estar. Essa pandemia está nos ensinando prioridades e nos mostra também uma realidade, a realidade da desigualdade. Enquanto algumas pessoas passam a pandemia em um iate no Caribe, outras pessoas estão passando fome. Essa pandemia também nos ensinou que somos uma única família. O que aconteceu, há pouco mais de um ano, com um ser humano em Wuhan (epicentro da covid, na China), acontece agora com todo o planeta. Não há muralhas chinesas, nem muros berlinenses que possam separar as pessoas. Criadores, artistas, cientistas, jovens, velhos, todos estão se colocando em uma nova normalidade. Ninguém quer voltar ao que era normal. Passamos a pensar sobre que mundo nós queremos. Essa é a pergunta mais importante neste momento. Aquele sonho de um mundo diferente... é pra lá que temos de ir. Eu percebi, em algum momento, que a gente vem ao mundo para perder tudo. Quanto mais você vive, mais perde. Primeiramente, você perde seus pais; depois, outras pessoas muito queridas ao seu redor, seus animais de estimação, lugares e as suas próprias faculdades mentais. Não se pode viver com medo, porque isso faz você imaginar o que ainda não aconteceu e você sofre em dobro. É preciso relaxar um pouco, tentar apreciar o que temos e viver apenas o presente....”

E você, como tem vivido o seu dia a dia, desde o início dessa pandemia? Uma boa leitura!


O editor GP escreve mais uma crônica: As 1ªs derrotas da vida parecem o fim do mundo


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