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ANO 40
Nº 2010
11/03/2024


Colunista
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GENTE PENSANTE - 19/11/2020

O editor GP escreve mais uma crônica: E quando os filhos acham que podem dirigir as vidas dos pais?

VEJA NA EDIÇÃO 1842: NAS BANCAS DE 20/11 A 26/11. DEPOIS, SÓ NA GAZETA. Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1841 abaixo: 

O QUE IMPORTAM OS SACRIFÍCIOS CONSTANTEMENTE FEITOS, EM NOME DO AMOR?

Não havia completado um ano que o jovem casal havia se casado, com grande e bela recepção para quase mil convidados, quando eles decidiram separar-se. Os pais, 1ºs a serem comunicados, questionaram o motivo. Na casa dos pais da esposa, foi ela mesmo quem respondeu:

- A nossa relação se desgastou e, como diz o papai, vaso quebrado não tem conserto.

Por sua vez, na casa dos pais do marido, foi ele quem deu a notícia:

- Fizemos até terapia de casal, para ver se dava para continuar, mas não deu... Resumindo: nós 2, juntos, concluímos que o melhor seria mesmo nos separarmos.

A notícia em ambas as famílias explodiu, como o resultado inesperado da última eleição americana, na semana passada, que, mais uma vez, contrariou as, agora antiquadas, pesquisas eleitorais. Obviamente, os questionamentos dos mais íntimos caíram sobre o casal, dizendo as coisas de sempre: É só uma crise, vai passar... Daqui a pouco, vocês se encontram novamente e tudo vai voltar, como era antes, etc..

Separadamente, os 2, porém, diziam quase sempre a mesma coisa, tentando não render o assunto:

- Gente, não tem volta e ponto final! Que chatice é essa?

Ou

- Fomos muito felizes durante esse tempo, mas agora não dá mais!

Quando a avó daquela mulher foi comunicada, questionou a neta:

- Minha filha, pense no que as pessoas vão dizer... Faça um sacrifício... Espere, pelo menos passar, esta pandemia!

A neta soltou uma ou duas lágrimas, não por ela, mas pela avó materna, imaginando quantos sapos ela, mãe de 8 filhos, teria engolido, para manter o casamento dela de pé, durante dezenas de anos. Ao se despedir, beijou, ternamente, a avó e disse, ao pé do ouvido:

- São outros tempos, vó! Hoje em dia, ninguém sacrifica mais a própria felicidade...

No carro, acionou o spotify, colocando o volume do rádio no máximo. Coincidentemente, a letra da bela música dizia assim:

O que me importa seu carinho agora, / Se é muito tarde para amar você? / O que me importa se você me adora, / Se já não há razão pra lhe querer? / O que me importa ver você sofrer assim, / Se quando eu lhe quis você nem mesmo soube dar amor? / O que me importa ver você chorando... / Se tantas vezes, chorei também? / O que me importa sua voz chamando, / Se pra você jamais eu fui alguém? / O que me importa essa tristeza em seu olhar, / Se o meu olhar tem mais tristezas pra chorar que o seu? / O que me importa ver você tão triste, / Se triste eu fui e você nem ligou? / O que me importa seu carinho agora, / Se para mim a vida terminou... / Terminou... terminou...

E você, é a favor dos sacrifícios feitos, constantemente, em nome do amor? Uma boa leitura, bem-vindo(a) ao Ano 37 da GAZETA e bons votos no domingo!

* Esta música, composta por José de Ribamar Cury Heluy, em 1971, foi gravada por vários cantores, inclusive Tim Maia. Porém, nenhuma versão fez tanto sucesso, como a, da Marisa Monte, em 2001.

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