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ANO 40
Nº 2010
11/03/2024


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GENTE PENSANTE - 17/09/2020

O editor GP escreve mais uma crônica: Ame Pará de Minas de boca cheia e não apenas da boca pra fora

VEJA NA EDIÇÃO 1833: NAS BANCAS DE 18/09 A 24/09.

Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1832 abaixo: 

CRIANÇA FALA ERRADO OU É A LÍNGUA PORTUGUESA QUE ENSINA DE OUTRO JEITO?

Na porta da grande casa de roça, farta de comidas, mas pobre de mobiliário, um carro preto, de placas brancas parou. Ninguém ali esperava por visita alguma naquele horário. É sabido que povo da roça dorme um pouco depois das galinhas e acorda com elas, tão logo surgem os 1ºs raios de sol. Ainda mais com a intensa chuva que caía. A mocinha caçula da casa chegou na porta e, ao ver de quem se tratava, voltou correndo, esbaforida. Ao entrar ao quarto dos pais, gritou:

- Pai, é o doutor Fulano, seu amigo!

Tratava-se do juiz da comarca, a quem aquele fazendeiro estava sempre fazendo agrados, desde que ele assumiu o alto posto. No Natal, por exemplo, levou pra ele um leitão assado à pururuca  e no aniversário, um pato assado com um garrafão de aguardente produzida em suas terras. Um dia, o filho mais velho questionou o pai:

- O senhor é muito puxa-saco deste juiz. Pra quê isso?

O pai respondeu sem se importar com a agressão:

- Tenho 7 filhos, sendo 5 homens. Posso precisar dele um dia, caso algum de vocês apronte alguma besteira na vida...

Disse isso e saiu para receber o importante amigo que o visitava. Após saudá-lo com grande alegria e receber o mesmo afeto, o fazendeiro o conduziu à larga varanda, onde poderiam conversar, beber umas biritas e comer bola de carne com farinha de milho. O juiz observou que havia tantas goteiras no casarão que foi preciso alguém ter colocado vasilhas, panelas e baldes amparando as gotas, por toda a casa. Quando o anfitrião pediu desculpas pelo intenso barulho que as gotas provocavam ao cair dentro daqueles recipientes, o juiz disse, surpreendentemente:

- Para os meus ouvidos, cansados de ouvir tantas discórdias e violência, todo dia, no fórum, o som destas goteiras são para mim como uma verdadeira música em execução!

Daí a pouco, um filho pequeno da filha daquele homem, entrou correndo na varanda, dizendo e sorrindo muito:

- Vovô, eu fazi cocô!!!

O homem corrigiu o menino:

- Fale direito perto do doutor juiz. Fazi não. Fiz!

O letrado homem sorriu e explicou para o amigo:

- Sabe que ele não está errado. Veja bem: a gente fala eu dirigi, eu comi, eu bebi... Então, deveria ser também eu fazi e não eu fiz. Acho que quem está errado é a língua portuguesa!

E você, costuma corrigir as crianças, quando elas falam errado? Uma boa leitura!

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