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ANO 40
Nº 2010
11/03/2024


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GENTE PENSANTE - 16/07/2020

O editor GP escreve mais uma crônica: O polvo e a ostra. Ele, aberto ao mundo, ela, ensimesmada

VEJA NA EDIÇÃO 1824: NAS BANCAS DE 17/07 A 23/07.

Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1823 abaixo: 

O CAMINHAR A 2 E O CONFLITO DAS EDUCAÇÕES RECEBIDAS

Na pequena estrada de terra, emoldurada por buganvílias floridas - brancas, vermelhas e arroxeadas - as duas amigas caminhavam e conversavam. Aproveitaram que os maridos também haviam conversado até altas horas, bebendo, no hotel-fazenda, onde estavam hospedados em 2ª lua de mel, e agora dormiam. Quando passavam sobre uma pinguela de madeira, que quase beijava as claríssimas águas do riacho de nome Soberbo, a mulher de rabo chamou a atenção da mulher de coquinho para as folhas amareladas e amarronzadas de todos os formatos que passavam velozes, carregadas pelas águas, abaixo de seus pés. Disse:

- Acho lindo este tom amarelado que o inverno dá às plantações. Olha só isso!

- Lindo demais! Você já esteve na Europa, durante o inverno?

- Deus me livre! Odeio frio e só vou ao Velho Mundo, durante o verão.

A mulher de coquinho comentou:

- Você não sabe o que está perdendo. É simplesmente maravilhoso! As folhas todas, sem exceção, amarelam-se de uma só vez e cobrem o chão como um tapete vangogueano.

- Vou deixar esse tapete só pra você, amiga (muitos risos). Mudando de assunto, vou confidenciar uma coisa a você. Já achava, mas depois de casada, tenho achado grande, e cada vez maior, a diferença de educação que eu recebi em minha casa, da educação recebida pelo fulano, na casa dele. Isso tem gerado algumas pedrinhas no meio desse nosso caminhar a 2. 

- Nem me fale! Estou vivendo o mesmo drama e vou confidenciar, também, uma coisa a você: estou achando bem difícil, viu? Você conhece a minha família e sabe como a coisa é lá em casa. Meus pais sempre foram bem liberais. Desde pequena, fui incentivada a ter ideias próprias e, inclusive, a debatê-las com os meus pais e irmãos, de forma bem aberta, durante as refeições. Entrei em uma família, onde o pai fala uma coisa e ninguém pode ir contra. O pior é que todos devem pensar diferentemente dele, mas ninguém tem coragem de enfrentar a fera. Muito diferente, quilômetros de distância, da educação que recebi...

A mulher de rabo disse:

- Eu entendo muito bem o que você está me falando, pois estou vivendo exatamente a mesma coisa, só que ao contrário. Ou seja, a minha família me deu uma criação mais repressora e a do cicrano foi bem mais liberal. Enfim, o oposto do seu caso, mas o mesmo e velho conflito.

- Tamo juntas, então! (mais risos).

E você, acha muito diferente a educação que você recebeu daquela recebida por seu cônjuge? Uma boa leitura!

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