Selo GP - Rodrigo Roreli Laço
Fundação: Francisco Gabriel
Bié Barbosa
Alcance, credibilidade e
imparcialidade, desde 84
ANO 40
Nº 2010
11/03/2024


Colunista
Colunista

GENTE PENSANTE - 09/07/2020

O editor GP escreve mais uma crônica: O caminhar a 2 e o conflito das educações recebidas

VEJA NA EDIÇÃO 1823: NAS BANCAS DE 10/07 A 16/07.

Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1822 abaixo: 

QUANDO A PIA DA FAMÍLIA TRANSFORMA-SE EM UMA TERAPIA FAMILIAR

A crônica de hoje poderia ter se passado em um consultório de algum(a) psicopedagogo(a), mas não. Passou-se entre uma mãe e um filho, em frente a uma pia de cozinha. Já se passavam das 23 horas, quando todos que estavam naquela chácara já dormiam. O filho debruçado sobre o celular no sofá da sala e a mãe, no interligado ambiente, na cozinha, lavando as louças acumuladas do jantar para o café da manhã ficar mais fácil de ser organizado. Certa hora, uma pequena panela caiu sobre a parte aluminizada da pia. O filho assustou-se e gritou:

- Quê isso? Que susto!!!

A mãe desculpou-se, falando baixo, para não acordar os outros:

- Não queria assustar você. Escorregou das minhas mãos.

Ele nada disse. Nessa hora, a mãe pensou na possibilidade de conversar com o filho, sem plateia, sobre um assunto que vinha inquietando-a, há meses. Insegura, ela lhe perguntou:

- Fulano, você não quer ir enxugar as vasilhas aqui pra mim, para adiantar o expediente, não? Já está tarde, né? 

O filho de 20 e poucos anos fez o maior carão, ao ouvir algo que o tiraria daquele prazer noturno de ver fotos e teclar. Resmungou:

- Ah, mãe...

Ela não desistiu da possibilidade de se aproximar e insistiu:

- Rapidinho, vem cá! Só eu trabalhando nesta casa pra família inteira não é justo, né?

Ele levantou-se e foi, ainda que resmungando. Juntos na pia, ela, enfim perguntou:

- Percebo o que está acontecendo na sua vida... e gostaria muito que você não sofresse.

Aquele rapaz encheu os olhos d’água que derramaram sobre a sua face. A mãe o abraçou e eles choraram entrelaçados. Os narizes, inevitavelmente, fungaram úmidos. A mãe apressou-se em apanhar dois guardanapos de papel na bancada entre a cozinha e a copa. Refeito os ânimos, ele falou:

- Eu não queria decepcionar você...

- Toda mãe quer ver o seu filho feliz. Nada mais que isso importa.

- E o papai? Não vai aceitar, você sabe!

- Vai sim! Fique calmo. Tudo tem o seu tempo e o dele também chegará, do mesmo jeito que estamos conversando agora. 

- Me desculpe (novo choro)

- Olha, filho, o que cada um de nós deseja, verdadeiramente, um dia se manifestará, por bem ou por mal. Ninguém pode com o poder do inconsciente. O que uma pessoa se torna na vida é, na realidade, o seu mais profundo desejo. É ele quem vai fazer você feliz. E, como eu já lhe disse, toda mãe só quer ver o seu filho feliz... 

E você, teria dificuldade de aceitar um caminho escolhido por seu filho, se ele fosse diferente do seu? Uma boa leitura!

Mais da Gazeta

Colunistas