Selo GP - Rodrigo Roreli Laço
Fundação: Francisco Gabriel
Bié Barbosa
Alcance, credibilidade e
imparcialidade, desde 84
ANO 40
Nº 2043
28/10/2024


GENTE PENSANTE
Bié Barbosa

Bié Barbosa

GENTE PENSANTE BIÉ BARBOSA, jornalista e publicitário (UFMG), nascido em Pará de Minas em 22/11/53, é casado com Maíza Lage com quem tem 4 filhos. SEU LEMA: “O SENHOR É MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ”!


* VOCÊ ENCONTRA A GAZETA NAS SEGUINTES PADARIAS: BARIRI (São José), CAFÉ COM LEITE (São Luiz) e FRANÇA (rua Direita); * MERCEARIA DONA BENTA (São José) * NAS BANCAS: FELIPE (em frente à EE Governador Valadares); FRANCISCO (em frente ao Santander); LEONARDO (praça das “bolas”) * E POSTO STOP SHOP (avenida Ovídio de Abreu).

Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1992:

QUE TIPO DE CRIME JUSTIFICA O CRUEL LINCHAMENTO?

O pequeno distrito amanheceu tranquilo, como sempre, mas com o sol brilhando, em um dia muito azul e totalmente sem nuvens, depois de 2 dias de tranquilas chuvas. Aqui e ali ouvia-se o gorjear de um bem-te-vi parecendo cantar que te viu fazendo algo errado. Mais ao longe, ouvia-se o gorjeio de uma sabiá, parecendo cantar um hoje tem chuva. Entretanto, parecia improvável, já que o céu, como já foi dito, estava estalando de tão azul. Não sei quanto tempo depois - talvez duas horas ou mais, o céu, repentinamente, ficou escuro, como uma taça de estanho, derramando um aguaceiro em fim. No meio daquela chuva toda, que formou uma veloz e barrenta enxurrada, ouviu-se um estouro, seguindo de um grito de dor tão alto, que chegou a confundir os ouvidos desavisados com o barulho de um trovão. Daí a pouco, um garoto de 10, talvez 12 anos, ensopado, veio correndo e gritando:

- Meu pai matou a minha mãe!!!

Os quatro homens que estavam no armazém correram para socorrer aquela criança e, com ela, se dirigiram para a casa de seus pais. Chegando lá, encontraram o corpo da mãe caído na sala e totalmente ensanguentado. Foi apenas um só tiro certeiro, bem no meio da testa. O marido assassino estava de pé, escorando a mão direita sobre a cômoda do quarto do casal. Ao ver aquela cena, um daqueles homens levantou-se, pegou o ventilador de pedestal, que estava perto do aparelho de tv e partiu pra cima dele. Colocou tanta força nas mãos que o assassino caiu no chão, de uma só vez. Os outros três homens partiram pra cima dele também, dando chutes e murros naquele infeliz, que foi linchado ali, até morrer... Dois enterros e quatro prisões. Seis meses depois, no julgamento deles, a juíza sentenciou, da seguinte forma:

- “A justiça penal não repousa na utilidade racional ou naquilo que é melhor para o criminoso e a sociedade, mas nas propensões morais das pessoas e sobre quais crimes elas consideram, como sendo os piores. Dessa forma, quando um grupo odeia um determinado comportamento vai querer punir, excessivamente, o perpetrador, muito além dos próprios efeitos negativos do crime, cujos efeitos sempre terão consequências negativas! Como a própria morte (...). Porém, por tudo aquilo que já aqui já foi falado e exposto e considerando que os réus agiram, em um momento de grande comoção e em legítima defesa da mãe assassinada e do filho desesperado, que, infelizmente, assistiu todo o desenrolar dessa triste tragédia, declaro que devem ser colocados em liberdade os quatro réus!”

E você, se fosse jurado, teria votado, também, pela liberdade desses quatro homens?

UMA BOA LEITURA!

O editor GP escreve mais uma crônica: DE ONDE SERÁ QUE VEM O MEDO DAS CRIANÇAS?


Mais da Gazeta

Colunistas