Selo GP - Rodrigo Roreli Laço
Fundação: Francisco Gabriel
Bié Barbosa
Alcance, credibilidade e
imparcialidade, desde 84
ANO 40
Nº 2010
11/03/2024


GENTE PENSANTE
Bié Barbosa

Bié Barbosa


GENTE PENSANTE 
BIÉ BARBOSA, jornalista e publicitário (UFMG), nascido em Pará de Minas em 22/11/53, é casado com Maíza Lage com quem tem 4 filhos. SEU LEMA: “O SENHOR É MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ”!


* VOCÊ ENCONTRA A GAZETA NAS SEGUINTES PADARIAS: BARIRI (São José), CAFÉ COM LEITE (São Luiz) e FRANÇA (rua Direita); * MERCEARIA DONA BENTA (São José) * NAS BANCAS: FELIPE (em frente à EE Governador Valadares); FRANCISCO (em frente ao Santander); LEONARDO (praça das “bolas”) * E POSTO STOP SHOP (avenida Ovídio de Abreu).

Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1983:

A LATA FURADA, O CAMINHO MAIS LONGO E A BELEZA DAS FLORES (*)
No pequeno distrito, que, por incrível que isso possa parecer, ainda não possuía água canalizada, os moradores tinham o hábito de apanhar água na mina, quase que o dia inteiro. Sem se organizarem para isso, a turma que morava mais perto daquela nascente d’água, ia bem cedo, antes do horário comercial ter início. A turma que morava mais no Centro do distrito ia no horário de almoço. E a turma que morava mais distante da mina ia à noitinha. Entre os que iam de manhãzinha, havia um senhorzinho, portador de alguma deficiência mental, ainda que suave, que era, diariamente, debochado pela maioria dos moradores do lugal. Diziam rindo coisas assim:
- Lá vem o Zé Burro com a sua lata furada, na cabeça! (risos).
- Coitado, chega em casa ensopado com esta lata vazando água, daqui até lá. Deve chegar lá vazia (risos).
- A lata furada e as roupas todas encharcadas, para mim é o de menos. O que eu acho pior é que ele, ao invés de passar por este atalho, que todos nós usamos, sempre usa o caminho mais longo. Não é à-toa que tem o apelido de Zé Burro (risos).
Um dia, apareceu ali, naquele mesmo horário - no cair da tarde - um visitante, pediatra aposentado, que, ao ouvir aquela zoação toda, resolveu propor algo diferente. Disse para os quatro homens e duas mulheres que estavam mais próximos dele:
- Olha, pessoal, sou novo aqui e é a 1ª vez que venho nessa mina, mas ouvi algumas pessoas fazendo críticas àquele senhorzinho. Será que seria pedir demais que vocês passassem a se comportar diferentemente, a partir de hoje, em relação a ele.
Uma mulher questionou:
- Diferente como?
O pediatra explicou:
- Que tal a gente procura saber porque ele não troca a lata furada? Dependendo do que ele disser, podemos arrumar uma lata nova pra ele. Poderemos dizer a ele, também, que este atalho que a gente usa diminuiria a distância entre a casa dele e a mina. O que vocês acham?
Três daquelas seis pessoas aceitaram o desafio e seguiram com o médico, até a casinha do Zé Burro. Após falarem com ele sobre a possibilidade dele mudar os seus comportamentos, na hora de apanhar água, ficaram de queixo caído, ao ouvir o que aquele homem, tão simples e débil, disse, com tanta sabedoria:
- Uai, se eu trocar a lata e o caminho, nunca mais vou ver as flores. É a água vazando que faz elas brotarem... e são tão bonitas...
E você, está trilhando o caminho mais rápido ou prefere o caminho mais longo e belo da vida?

UMA BOA LEITURA!

(*) Dedico a crônica de hoje ao meu querido e já saudoso amigo, Eduardo Barbosa...

O editor GP escreve mais uma crônica: DE QUE VALE O SUCESSO DE UMA PESSOA, SE ELA NÃO CONHECE NEM A SI MESMA?


Mais da Gazeta

Colunistas